quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Dominó "Ponto de vista" e as relações projetivas*


1. Descrição do jogo


O jogo de dominó "Ponto de vista" induz a comparação entre as perspectivas na visão vertical e frontal.O jogo é composto por peças retangulares, divididas em duas partes (ou “pontas” como são chamadas no dominó original).

Em uma ponta, encontram-se fotografias frontais de um objeto, e na outra ponta uma fotografia vertical de outro objeto. O encaixe das peças ocorre entre uma fotografia vertical com uma fotografia frontal do mesmo objeto.

Devido ao fato de trabalhar com as duas perspectivas, espera-se que o aluno observe imagens por diversos ângulos, porém perceba que se referem ao mesmo lugar.




É fundamental certificar-se que as crianças estão fazendo as identificações e encaixes corretos. Você pode mostrar detalhes de modo a estimulá-los a usarem cores, formas, tamanhos e texturas para identificar os lugares ou elementos da imagem: Uma opção também é escolher um objeto da sala de aula e fazer seu desenho na lousa nas duas perspectivas.


2. A construção do pensamento espacial e as relações projetivas
Piaget, Inhelder e colaboradores (1993) apresentam, no livro A representação
do espaço na criança, um estudo sistemático das transformações das noções necessárias para a passagem do espaço percebido para o espaço representado figurado. Os autores afirmam que a percepção do espaço ocorre no contato direto com o objeto, sendo construído mais rapidamente que o espaço representado. Este último, formado por representações figuradas, necessita do domínio do nível projetivo, e até mesmo métrico, para ser alcançado. Uma coisa é perceber o espaço; outra é representá-lo, construindo-o ou (re) construindo-o. O espaço perceptivo é construído seguindo uma ordem que parte das relações topológicas elementares e segue para as relações projetivas métricas para, finalmente, atingir as relações euclidianas entre os objetos.


RELAÇÕES TOPOLÓGICAS, PROJETIVAS E EUCLIDIANAS A PARTIR DOS ESTUDOS DE PIAGET E INHELDER, HANNOUN E CATLING



A passagem da percepção para a representação supõe a reconstrução dessas relações espaciais já adquiridas no nível projetivo para o nível representado. A percepção visual e a noção espacial, por exemplo, começam no plano perceptivo em um sistema de relações de diferentes perspectivas, determinadas pelos movimentos prováveis do olhar, e prosseguem no campo da representação. No período de transição, a motricidade é essencial para a interpretação espacial, pois gera percepções e situações espaciais distintas.

Um objeto cúbico, por exemplo, dependendo da perspectiva que fixa o olhar, de modo que nenhum dos lados seja visto, pode ser “transformado” em uma figura plana, uma vez que nosso campo de visão reconfigura a noção da largura
ou altura do objeto, restringindo-o a somente uma face. O objeto, como tal, 
passa a ser visto apenas pela sua superfície lateral plana (quadrado) sem a percepção da profundidade (2 dimensões), e não mais em três dimensões.


DIFERENTES PERSPECTIVAS DO MESMO OBJETO

Na figura, por exemplo, quando a criança passa da posição ‘A’ para a posição ‘B’ ou ‘C’ e, simultaneamente, percebe que se refere ao mesmo objeto ela terá alcançado a coordenação de perspectivas e, portanto, o nível projetivo, pois há uma coordenação das ações do olhar segundo as suas mudanças de posição ou direção. 
Movimento semelhante ocorre na leitura de um mapa. Os objetos e fenômenos são “rebatidos” sobre um mesmo plano. Para esse entendimento, a criança precisa ter concebido as relações projetivas, uma vez que, no período topológico, a criança considera apenas um ponto de vista como o único possível, não chegando a deduzir as transformações visuais do objeto quando se muda o ângulo de visão.
No caso dos mapas, a face rebatida para o plano normalmente será a voltada para cima, que ocorre com a visão vertical (veja a figura a seguir). Em objetos maiores, essa relação torna-se mais difícil, pois a criança não pode manipular os objetos a fim de ter a visão de todas as faces, como ocorreria com um dado, por exemplo.

VISÃO PERPENDICULAR E AÉREA


A construção da visão vertical ajudará a desenvolver a construção de legendas, as quais facilitará a compreensão das linguagens do mapa. Nesse processo, é importante o desenvolvimento de atividades a partir de “formas, símbolos, figuras geométricas, signos, cores, linhas, áreas” para que a criança possa construir um quadro de variáveis visuais (símbolos e signos presentes no mapa), como forma, tamanho, orientação e cor para relacionar com os mapas.

CONSTRUÇÃO DA NOÇÃO DE LEGENDAS



Clique aqui para download das peças e regras 


*Este texto é uma revisão sinóptica do artigo La construcción de las relaciones proyectivas en el juego “Puntos de Vista”  

Este jogo foi elaborado pelas professoras Nadia Silveira y Maria Nair P. 
Miranda durante o curso de formação Confecção de jogos no ensino de Geografia, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Campinas.


Bibliografia
ALMEIDA, P. N. de. Educação Lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. 10 ed. São Paulo. Editora Loyola. p.295, 2000.
CAMPINAS. Diretrizes Curriculares da Educação Básica para o Ensino Fundamental – Anos Iniciais: Um processo Contínuo de Reflexão e Ação. GODOY, H.L (Org. e Cord.) Prefeitura Municipal de Campinas, Secretaria Municipal de Educação Campinas, SP, 2012.
CASTELLAR, M. V. S,MORAES, J. V. Ensino de Geografia-Coleção Ideias Em Ação. São Paulo: Cengage Learning, 2010. 166p.
CATLING, S. J. The child’s spatial concepción and geography educación. In: Journal of Geography, Jan, 1978, n. 77, p. 24-28.
DALLABONA, S. R. , MENDES, S. M. S. O lúdico na educação infantil: Jogar, brincar, uma forma de educar. In: Revista de divulgação técnico-científica do ICPG. Vol. 1 n. 4. Jan/mar. 2004. 107-112 p.
HANNOUN, H.El niño conquista el medio; Buenos Aires: Kapelusz, 1977.
MACEDO, L., PETTY, A. L; S. PASSOS, N. C. Aprender com jogos e situações-problema. Porto Alegre: Artmed, 2000, p. 115
MARRON, G. J. El juego como estrategia didáctica para favorecer el aprendijaje en la Geografia. In: Íber, 30. Versión electrónica (2001)
PIAGET, J.,INHELDER, B. A representação do espaço na criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993, 507 p.
ROMANO, S. M. M. Alfabetização cartográfica: a construção do conceito de visão vertical e a formação de professores. In: CASTELLAR, S. Educação geográfica: teorias e práticas docentes. São Paulo: Editora Contexto, 2005. 157-166p.
SILVA, L. G. Jogos e situações-problema na construção das noções de lateraridade, referências e localização espacial.In: CASTELLAR, S. Educação geográfica: teorias e práticas docentes. São Paulo: Editora Contexto, 2006.
SOMMER, J. A. P. Formas lúdicas para trabalhar conceitos de orientação espacial: algumas reflexões. In: REGO, N. et. al. Um pouco do mundo cabe nas Mãos
TREPAT, C. A. COMES, P.  El tempo y el espacio em la didáctica de las ciencias sociales. Barcelona, Grao, 2007.









quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Dicas de peças e materiais para confeccionar seus jogos

Dica para utilizar materiais de reciclagem

Clube do tabuleiro de Campinas (SP)


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Dica de onde comprar materiais já prontos (dados,peões...)


http://www.ludeka.com.br/