Elaboração: Viviane Lousada Cracel
Colaboração: Thiara Vichiato Breda
Este jogo foi construído com o objetivo de discutir e aprofundar os conhecimentos sobre orientação, localização, movimentos da Terra e fuso horário, que são parte do conteúdo programático para o 6º ano do EF. De acordo Viviane Cracel*, professora idealizadora desse material, o jogo possibilitaria a ampliação dos conhecimentos cartográficos e um maior interesse dos alunos. Isso ajudaria também a deixar as aulas mais dinâmicas a partir do lúdico.
A professora utilizou o material após a explicação teórica dos conteúdos e da realização de exercícios, a fim de que os alunos aprendessem por meio do jogo e, ao mesmo tempo, “retomassem” os conhecimentos apreendidos ao longo do trimestre. Para sua confecção, utilizamos como base para o tabuleiro um mapa político do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o programa Inkscape, tanto para adaptar o mapa-tabuleiro como para criar as cartas.
No jogo, o jogador precisa completar primeiro a meta estipulada na “Carta Objetivo”, a ser retirada no início do jogo por cada jogador. Nesta carta constam duas coordenadas geográficas em pontos extremos do mapa-tabuleiro: uma será o ponto de partida e a outra o ponto de chegada. Com isso, o aluno posiciona o peão no local indicado como ponto de partida (cada jogador terá um ponto de partida e chegada diferentes). Feito isso, o jogador deverá lançar o dado e andar o número de casas correspondentes apenas na vertical ou horizontal. As casas são os próprios quadrantes formado pelas linhas imaginárias das latitudes e longitudes do mapa-tabuleiro. Quando o dado cair com a face da interrogação, o jogador deverá retirar uma “Carta-Pergunta” sem ver e outro jogador deverá ler a pergunta. Nesta, com questões sobre os temas previamente elencados pela professora da turma, há 3 alternativas com apenas uma correta. Quando respondem corretamente, avançam; caso contrário, ficam uma rodada sem jogar. Vence quem atingir primeiro o objetivo estipulado para cada um.
Tabuleiro - Download aqui
No jogo foi possível trabalhar a compreensão de atributos dos mapas e habilidades cartográficas, que auxiliaram na associação de conteúdos geográficos já desenvolvidos com os alunos durante o trimestre. Para o início e desenvolvimento do jogo era imprescindível a compreensão das coordenadas geográficas, caso contrário o aluno não conseguiria dar procedimento na partida. Nas 60 cartas-pergunta a professora teve a preocupação de trabalhar todos os conteúdos relacionados com a cartografia daquele trimestre. Com isso, durante a partida o aluno era estimulado a desenvolver noções cartográficas, como por exemplo nos cálculos de fuso horário em que o aluno, ao compreender o conceito de fuso horário, poderia “encontrar” a resposta no próprio mapa-tabuleiro.
Exemplos de cartas-pergunta e as habilidades ou conceitos trabalhados
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
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CONCEITOS
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EXEMPLOS DE CARTAS
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ORIENTAÇÃO
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Pontos cardeais
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Qual é o oceano localizado a oeste
do continente americano?
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LOCALIZAÇÃO
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Paralelos e latitudes
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Como se chamam as linhas
imaginárias horizontais que “cortam” o globo?
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Meridianos e longitudes
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A longitude varia de?
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Coordenadas geográficas
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Ponto de partida e de chegada
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MOVIMENTO DA TERRA
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Estações do ano
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Qual das alternativas abaixo
apresenta uma consequência do movimento de translação?
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Zonas climáticas
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O Brasil está localizado em
quais zonas térmicas?
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Fusos horários
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Imagine que sejam 21 horas no Chile.
Que horas será em
Taiwan
ao mesmo tempo?
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Fonte: Breda 2017, p. 46
A utilização do mapa-tabuleiro para a construção das noções e conceitos geográficos/cartográficos no “Localize-se no mundo”, foi de fundamental importância para que os alunos dominassem o código linguístico. O material construído especificamente com intencionalidades geográficas, além de estimularem habilidades espaciais e cartográficas, auxiliam na aprendizagem de conceitos inerentes para que esse aluno possa dominar o código linguístico da sua cultura, dando sentido/significação às representações espaciais. Os jogos podem contribuir para que nossos alunos se tornem leitores críticos de mapas e mapeadores conscientes (SIMIELLI, 2010), mas cabe a nós mediadores abordar e compreender feições da linguagem cartográfica em outras situações. Conforme nos alerta Seemann (2014, p. 40), “o que é de maior interesse não é o mapa como produto final, mas os processos da sua concepção e elaboração inseridos nos contextos socioculturais, econômicos e políticos de cada época e lugar”. Fica o convite para nós, professoras e professores, irmos além do domínio gramatical, fazendo emergir em nossos alunos modos de representações mais expressivos, exercitando a linguagem cartográfica nas mais diversas situações e criações das práticas sociais.
*Este material foi desenvolvido pela professora Dra. Viviane Cracel durante o curso de formação Confecção de jogos no ensino de Geografia, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Campinas.
BREDA, T. V. Jogos geográficos na escola: possibilidades para trabalhar noções espaciais e cartográficas. In: RICHTER, Denis; CAMPOS, Laís. Cartografia Escolar. Coleção Docência em Geografia, Goiânia: Espaço Acadêmico, 2017, p. 29-49 Vendido por Espaço Acadêmico
SEEMANN, J. O Ensino de cartografia que não está no currículo: Olhares cartográficos, “carto-fatos” e “cultura cartográfica”. In NUNES, F. G. (org.) Ensino de Geografia: Novos olhares e práticas. Dourados: Editora da UFGD, p.37-60, 2014.
SIMIELLI, M. E. R. O mapa como meio de comunicação e alfabetização cartográfica. In: ALMEIDA, R. D. de. (Org.) Cartografia escolar. São Paulo: Contexto, 2010, p. 71-94.